Relatório da Human Rights Watch descreve o terror dos centros de tortura da Síria
Atualizado em 3 de julho, 2012 - 08:16 (Brasília) 11:16 GMT
Com base no depoimento de mais
de 200 ex-detentos e de alguns desertores a ONG Human Rights Watch
publicou um relatório no qual detalha a rotina de medo e crueldades dos
centros de detenção sírios, incluindo a tortura de crianças.
A organização acusa o governo do presidente da
Síria, Bashar al-Assad, de usar tortura de forma sistemática, como uma
política de Estado para espalhar o terror entre os dissidentes.
No relatório, que recebeu o nome de
“Arquipélago da Tortura”, a Human Rights Watch identificou 27 centros de
tortura, os métodos mais utilizados para extrair informações e
confissões das vítimas, além das agências e autoridades responsáveis
pelos abusos.
O documento também descreve o uso indiscriminado de desaparecimentos forçados e prisões arbitrárias.
Segundo os ex-detentos, entre os métodos de
tortura mais utilizados estão choques elétricos, abuso sexual (de
mulheres e homens), espancamentos e chicotadas e privação de sono.
Alguns disseram ter visto pessoas morrerem sob tortura.
Crianças torturadas
Entre os ex-prisioneiros que colaboraram com a Human Rights Watch estão mulheres e crianças.
Um menino de 13 anos relatou como foi torturado
por três dias em um centro militar perto de TalKalakh, no oeste do país,
próximo à fronteira com o Líbano.
“Eles me deram choques no estômago durante o
interrogatório e eu desmaiei”, disse. “Quando me interrogaram pela
segunda vez, me bateram e me deram mais choques. Na terceira vez, usaram
um alicate para tirar minhas unhas."
Outro prisioneiro disse ter visto uma criança de 8 anos ser espancada a seu lado.
Em um dos métodos de tortura mais frequentes,
revelados com base em relatos, prisioneiros são pendurados apenas pelos
pulsos, de modo que seus pés não possam tocar o chão. Em seguida, são
espancados nessa posição com bastões e cabos.
Em outro método, os detentos recebem golpes nas solas dos pés até que sangrarem, o que os impede de caminhar.
Segundo os ex-prisioneiros, as prisões sírias também estão superlotadas e há falta de comida.
Resposta internacional
Um ex-oficial da inteligência síria citado no
relatório disse que as ordens de tortura vieram de integrantes da cúpula
das forças de segurança próximos a Assad.
A Human Rights Watch apóia o envio de
observadores da ONU para monitorar a situação nos centros de detenção na
Síria. A organização também defende que a questão seja submetida ao
Tribunal Penal Internacional (TPI) para que os responsáveis sejam
punidos.
No entanto, como a Síria não ratificou o
estatuto do tribunal, o TPI só poderia julgar os integrantes do governo
Sírio com a aprovação do Conselho de Segurança - onde o tema é barrado
por Rússia e China.
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