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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pluralidade Religiosa

As Nações do Candomblé Nathally Dantas Na segunda metade do século XVI começam a chegar ao Brasil os primeiros grupos étnicos de africanos, trazidos para o trabalho no ramo ocidental mais desenvolvido na época: a indústria açucareira. Nos porões das caravelas portuguesas foram transportados mais do que escravos africanos, os portugueses transportaram inconscientemente um dos elementos que fundamentou o nascimento da cultura brasileira, uma cultura miscigenada, filha de índios, brancos e negros. Os diversos grupos africanos trouxeram uma bagagem cultural riquíssima como a arte, culinária, danças, ritmos e a religião. Sabe-se que não foi apenas uma cultura africana que chegou ao Brasil, foram várias, com grande pluralidade cultural, linguística e religiosa, pois os negros eram oriundos de locais diferentes da África. As principais culturas foram: a cultura dos yorubás, cultura daomeana, cultura bantu. Os yorubás formaram o segundo maior grupo étnico na Nigéria, representando 18% da população total aproximadamente. Vivem hoje em grande parte no sudoeste da áfrica, aplica-se o termo a um grupo linguístico de vários milhões de indivíduos. os yorubás estão unidos por uma mesma cultura e tradições de sua origem comum. Os daomeanos eram povos dominates na áfrica que venciam outros grupos africanos e vendiam como escravos para os mercadores, Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como escravos, aqueles que já estavam aqui os reconheceram como inimigos. O Bantu é um grupo lingüístico e inclui 274 línguas e dialetos afins. Os bantus, povos rurais, provenientes de Angola, Moçambique e Congo. Eram, em sua maioria, agricultores, mas também viviam da caça e da pesca, e conheciam a técnica da metalurgia. Formaram o Reino do Congo que dominava grande parte do noroeste do continente africano. Os Portugueses utilizaram a nomenclatura “nação” para diferenciar os grupos étnicos de escravos que acabaram por incorporar essa distinção até hoje utilizada, porém hoje não se denomina nação os grupos étnicos e sim os grupos diversos do Candomblé, ao longo do tempo os parentescos sanguíneos foram substituídos por parentesco de santo. As principais nações que ainda hoje mantêm vivas as tradições do candomblé são: nagôs, ketus,jêjes e a nação angola. A Nação Nagô de é hoje a nação de Candomblé predominante em Pernambuco e uma das mais influentes no Brasil. A Nação Nagô Chegou a Recife em 1875, com Inês Joaquina da Costa (Ifá Tuniké), mais conhecida como Tia Inês, vinda da cidade de Egbá, na Nigéria, Em sua mínima bagagem como por intuição do que estaria por vir, trouxe sementes e materiais usados no culto a Yemanjá, orixá cultuado na sua região, e mais algumas divindades . Com o passar do tempo, ela se estabeleceu em Recife, no bairro de Água Fria, plantou as sementes das árvores sagradas, a exemplo da gameleira e do Baobá. E assim foi nascendo o Sítio de Tia Inês e uma forma de culto chamada Nagô Egbá, também conhecida como “Xangô do Recife”, tendo sua casa matriz o próprio Sítio de Tia Inês, que mais tarde seria conhecido, registrado e tombado como Terreiro Obá Ogunté, o mais conhecido em Recife e sua região metropolitana. Após a morte da matriarca da nação Nagô o Sítio continuou aos cuidados de seus filhos adotivos e assim a regência passou a ser de pai para filho, causando assim mais uma característica da nação: o patriarcado, como sendo a maneira mais comum de herança. O mais conhecido entre os regentes foi Felipe Sabino da Costa (Ope Watanan), conhecido como Pai Adão, sua figura se mostrou tão popular dentro do culto que a casa passou a ser popularmente conhecida até hoje como Sítio do Pai Adão. A Nação Nagô cultua seus Orixás de uma forma mais “humanizada”, pois seus Deuses em algum momento de suas existências tiveram passagem na Terra em forma humana, muitas vezes vistos ou imaginados como heróis, com suas lendas e histórias. Sua língua é o yorubá. Os Orixás se vestem com roupas e paramentos de muita beleza e exuberância, coroas, espelhos, armas e indumentárias de extrema beleza.] Os orixás homenageados em ritual aberto ao público, o toque, são treze que cantados na seguinte sequência: Exu, Ogum, Odé, Obaluayê, Oxumaré, Nanã, Ewá, Obá, Oxum, Yemonjá, Xangô, Oyá e Oxalá. Ossaim tem seu culto e é sempre lembrado e homenageado durante os rituais internos e orôs; Iroko segue lembrado e cultuado nos terreiros na forma da imensa gameleira. Sobre o orixá Logum Edé, não há registro no culto Nagô Egbá, os nagôs não negam sua existência, apenas não há registro histórico sobre o orixá dentro do culto. Há uma peculiaridadeno culto nagô em relação a alguns outros cultos: o culto à Orunmilá é muito conhecido e difundido na nação com suas inúmeras cantigas cantadas durante as saídas dos balaios para Oxum. A Nação Ketu em termos de identidade cultural, forma uma subdivisão da cultura yorubana. Os Orixás cultuados na nação Ketu são: Exu, Ogum, Oxossi, Logunedé, Xangô, Obaluayê, Oxumaré, Ossaim, Oyá ou Iansã, Oxum, Iemanjá, Nana, Ewa, Oba, Axabó (Orixá feminino da família de Xangô),Oxalá, Ibeji, Irôco, Ifá ou Orunmila. Não tem muitas diferenciações da Nação Nagô já que veio da mesma origem étnica. A Nação jêje cultua os Voduns tem maior ênfase na Bahia, o predomínio, em certos grupos, é de mulheres como filhas de santo. Assim como os Orixás, os Voduns incorporados, conversam com a assistência, dando bênçãos, conselhos, deixam recados e mantêm os olhos abertos. É comum no culto jêje fazer provas com os iniciados incorporados com os Voduns, como, por exemplo, mergulhar a mão no azeite de dendê fervendo. As casas de jêje, além do culto aos Voduns, também incorporam em seus rituais alguns orixás nagôs. O panteão jêje é numeroso, sendo os Voduns agrupados em famílias como: Dambirá, Davice, Savaluno e Queviossô. As atividades religiosas requerem um extenso calendário com rituais reservados aos iniciados, e em festas públicas que duram um, três ou sete dias; no final das obrigações todos comem as comidas preparadas com a carne dos animais oferecidos em sacrifício às divindades. . A casa de jêje chama-se Kwe, e o local destinado ao culto dos Voduns é chamado Hunkpame, que é o templo onde está dentro a divindade; é chefiado por um sacerdote ou sacerdotisa, que são responsáveis pelos ensinamentos aos futuros Vodunsis. A Nação Angola cultua Nkisis que são os próprios elementos da natureza.As Nkisis diferentemente dos orixás não tiveram passagem pela Terra e nem tão pouco forma humana, são a própria natureza com seus elementos como a chuva, o barro, a terra, as folhas, as pedras e etc. Nação Angola o instrumento de chamada através de som é o Kaxixi, chocalho cerimonial feito de coco ou cabaça com sementes e favas dentro, que tem um som agudo. Nos rituais se usam máscaras na face do filho que está vestido e tomado por seu Nkisi, as vestimentas são confeccionadas com panos modestos com indumentárias naturais, como favas, cabaças, ervas, etc. As armas são feitas de madeira.O motivo para o filho tapar o rosto com mascaras se explica já que as Nkisis são elementos da natureza não possuem semblante humano. O Candomblé é uma das religiões mais ricas culturalmente e de extrema importância para a preservação da cultura afro-brasileira, para a preservação da cultura é preciso que muitos estigmas do candomblé sejam quebrados e que cada vez mais seja feita da divulgação dessa religião tão importante para a história do Brasil. Nathally Anne Dantas - estudante de jornalismo e filha de Suely Dantas

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