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terça-feira, 7 de maio de 2013

GARÇOM GANHA MAIS DO QUE PROFESSOR


Garçom do Senado ganha mais que professor universitário
21/04/13 - 11h26 -
Letícia Gonçalves| lgoncalves@redegazeta.com.br


Foto: Carlos Alberto Silva
Eficiente e simpático, Leonardo Miranda recebeu prêmio de melhor garçom. Ele trabalha 8h por dia em um restaurante e ganha no máximo R$ 1,5 mil de salário.
Ser garçom pode ser mais vantajoso financeiramente do que ser médico ou professor universitário. Isso se o garçom em questão trabalhar no Senado.

O salário de um dos sete profissionais que atendem aos senadores em plenário chegou a R$ 14,6 mil. O mínimo é R$ 7,3 mil. Já um professor com doutorado em início de carreira na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), por exemplo, recebe de R$ 2,7 mil (20 horas semanais) a R$ 8 mil (dedicação exclusiva). E um médico da rede estadual tem salário inicial de R$ 4,1 mil (20 horas) até R$ 8,2 mil (40 horas).

Os garçons do Senado ocupam cargos comissionados de assistentes parlamentares há 12 anos, como apurou a reportagem do jornal O Globo, publicada ontem.


Aqui é um dos bares que pagam melhor, mas nem se eu trabalhasse 24 horas por dia eu ganharia R$ 14 mil por mês
Leonardo Souza Miranda, 28 anos
Garçom do bar De Passagem, em Vila Velha
Se os vencimentos dos garçons das excelências em Brasília são superiores aos de outros profissionais, o mesmo vale em comparação à própria categoria. De acordo com o Sindicato dos Bares e Restaurantes do Espírito Santo (Sindbares), o valor do salário dos garçons varia, em média, de R$ 700 a R$ 1,5 mil. As gorjetas e o local de trabalho fazem a diferença.

Vencedor do concurso Roda de Boteco da Grande Vitória em 2012 como melhor garçom, Leonardo Souza Miranda, 28 anos, trabalha cerca de oito horas por dia no bar De Passagem, em Vila Velha. O contracheque dele registra entre R$ 1,4 mil e R$ 1,5 mil por mês, dependendo das gorjetas que recebe. “Nem se eu trabalhasse 24h por dia eu ganharia R$ 14 mil por mês”, comenta.

Requinte

Garçom há cerca de 20 anos, Wagner Mello de Oliveira, 43 anos, é um especialista em vinhos. Apontado pelos colegas como referência no requintado restaurante Lareira Portuguesa, em Vitória, ele recebe R$ 2,5 mil por mês. “Gosto muito do meu trabalho e me dedico a ele. Mas eles (garçons dos senadores) estão felizes também não é? Pudera eu estar lá”, brinca.


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Dividindo-se entre o Palácio Anchieta e os eventos no cerimonial Le Buffet, Eldo Francisco de Paula, 39 anos, também recebe o salário de R$ 2,5 mil, acima da média do Estado. “Mas às vezes trabalho de 7h às 19h e depois ainda vou para o cerimonial para trabalhar por mais quatro horas”, conta.

O Senado considera “regularizada” a situação dos sete garçons que ganharam cargos de confiança graças a um ato secreto. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que levantaria dados sobre a situação dos servidores para informar, ainda ontem, o que poderia ser feito. No fim da tarde, a Secretaria de Comunicação Social do Senado divulgou nota em que nega a existência de atos secretos. “Todos os atos estão devidamente regularizados e publicados, inclusive os citados na reportagem”, diz a nota. 

As diferenças

Salário de R$ 14 mil
Sete garçons, que trabalham no Senado há 12 anos em cargos comissionados, têm salários que variam de R$ 7,3 mil a R$ 14,6 mil. Esse último valor foi pago a um deles, sendo que R$ 5,2 mil são somente em horas extras devidas.

Trabalho
Três deles servem os senadores em plenário. Outros quatro ficam na copa da Casa.

Comissionados
Os garçons ocupam cargos comissionados desde 2001, quando foram nomeados, todos juntos, por meio de um ato secreto do então diretor-geral do Senado Agaciel Maia, atual presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Resposta
A assessoria de imprensa do Senado informou apenas que os garçons realizam atividades previstas no regimento interno da Casa.

Espírito Santo
Em restaurantes do Espírito Santo, o salário de um garçom fica, em média, entre R$ 750 e R$ 1,5 mil. A variação é grande devido ao estabelecimento e às gorjetas que recebem.

Assembleia
Na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, os garçons são contratados como assessores júnior. O mais antigo ganha R$ 4 mil de salário, mais R$ 800 de auxílio-alimentação. A média salarial dos outros é de R$ 2,3 mil.

Tribunal de Justiça
No Tribunal de Justiça do Espírito Santo, o salário inicial de um garçom é de R$ 1,7 mil.

Palácio Anchieta
No Palácio Anchieta, sede do governo estadual, os garçons são terceirizados. O salário é de R$ 1,2 mil.


 

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