Introdução
Qual grêmio desejamos?
O grêmio estudantil se constitui em uma representação legítima e democrática dos estudantes. Mas, podem ocorrer diferentes formas de organização e atuação destas entidades estudantis. Elenita Paulino, no audiovisual “Grêmio Estudantil: o estudante participa?”, do Centro Gaucho de Audiovisuais-1988, faz uma análise em relação aos diversos tipos de grêmios existentes, com suas caracterizações. Cito-os:
Autoritário ou ditatorial:
É aquele que reproduz na escola o sistema autoritário e capitalista que a sociedade atual nos apresenta através dos seus políticos corruptos, dos meios de comunicação alienantes (...). É um tipo de grêmio que não permite a participação, não está voltado para os interesses da maioria dos alunos (...)
Paternalista ou centralizador:
Este é do tipo ‘demônio com cara de anjo’. Tem várias características do autoritário. Mas é mais difícil de percebê-las. Ele se apresenta como ‘bonzinho’, compreende a todos, se preocupa com tudo, mas não deixa ninguém participar, porque acha que só ele tem capacidade para fazer alguma coisa, que os estudantes são estúpidos, e se ele não centralizar tudo, a coisa não anda.
Liberal ou despreocupado:
É o grêmio que desperta simpatia na maioria despolitizada. Não é autoritário e também não faz tudo sozinho. Todo mundo manda e desmanda. Não tem nenhum programa. É dos tais que diz: ‘vamos deixar assim como está para ver como é que fica’. E acaba virando uma bagunça organizada.
Festivo: É o que passa o tempo de sua gestão preocupado em organizar bailes, torneios, gincanas etc. Mas está completamente por fora das necessidades dos estudantes. É totalmente despolitizado. O negócio dele é festa. Por isso não ‘incomoda’ ninguém e todo mundo ‘dança a música que a educação alienante quer’.
Democrático: De todos os tipos de grêmios estudantis, hoje, em nossas escolas, este é o mais difícil de ser encontrado. E isso não acontece por mero acaso, mas por conseqüência de todo um processo histórico de repressão, de alienação e miséria, que fez de nossa geração uma geração de cegos, surdos e mudos. Este tipo raro pode ser identificado pela sua postura no serviço que presta aos estudantes. É eleito por voto direto da maioria. Elabora seu programa de atividades em cima das necessidades concretas apresentadas em assembléia estudantil. Promove eventos que despertem a consciência crítica e incentivem a participação e organização do Movimento Estudantil (ME). Presta conta de seus atos periodicamente. Não toma nenhuma decisão sozinho. É autônomo e apartidário.
Tem consciência da importância do seu papel na construção de uma nova educação e sociedade. Por isso busca a conscientização, participação e organização de todos os estudantes, colocando-se a seu serviço”.
Diante das principais formas com que um grêmio estudantil pode se apresentar, cabe a cada estudante escolher de que maneira a entidade estudantil que dirige pode atuar. Será que autoritária, não permitindo de forma concreta a participação dos colegas? Paternalista, que centraliza todas as ações e atividades em torno de uma pequena diretoria, subestimando a capacidade dos demais colegas em contribuir com a entidade? Liberal, que permite a participação de todos, mas ao mesmo tempo não dispõe de um programa mínimo administrativo que permita identificar uma linha de atuação? Grêmio festivo, que proporciona lazer, mas se distancia das necessidades básicas do aluno e de sua formação política? Ou grêmio democrático, que busque a conscientização, participação e organização de todos os estudantes na construção de uma nova educação e de uma sociedade mais justa e igualitária? Grêmio que desejamos ?
- Que colabore na construção da comunidade escolar, como elo entre alunos, o corpo docente e técnico-administrativo;
- Que, junto com a direção da unidade de ensino e professores, busque as mudanças necessárias para a educação;
- Que apresente propostas e sugestões concretas para minimizar os problemas da escola e da comunidade na qual esteja inserido;
- Que desenvolva o espírito de solidariedade e cooperação entre os estudantes e a escola; - Que promova atividades recreativas, culturais, desportivas, literárias e educacionais, estimulando a união de toda a classe estudantil;
- Que crie mecanismos que possibilitem incentivar, desenvolver e estimular o estudante em sua vida educacional, social e profissional. Mas, sobretudo, que possa unir a classe, tornando-a mais participativa e consciente de seus direitos e deveres.
Autor: Wilson Colares da Costa
professor, licenciado em Ciências Sociais, Teófilo Otoni, MG. Artigo publicado na edição nº 320, setembro de 2002, página 10.
Questões para Debate:
1 - A participação do estudante é importante? Por quê?
2 - Qual pode ser o papel dos grêmios estudantis no processo de transformação social, política e cultural na nossa sociedade.
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