AQUI E AGORA TEM

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

TRABALHANDO COM DIREITOS HUMANOS VI

SUGESTÕES VI Objetivos: - Proporcionar, no contexto espaço/tempo, a concepção do cidadão na luta pelos direitos; - Promover aos estudantes o conhecimento das lutas na construção dos direitos humanos e sua importância para os dias atuais. I FASE 1. Regras de convivência em sala de aula; 2. A luta dos Direitos Humanos se dá no cotidiano; 3. Direitos Humanos: conquistas históricas; 4. Os Direitos Humanos de acordo com o contexto social em que vivemos nos dias atuais; 5. Direito Humano muita gente luta por eles uns são sujeitos e outros parceiros; 6. Direitos Humanos são maneiras do viver que afetam nossas relações no cotidiano; II FASE Objetivo: Compreender a construção social dos direitos humanos, conhecendo e debatendo evolução histórica e documentos. 1. Evolução Histórica; 2. Raízes do conceito a) Direito 1ª Geração - Direitos Individuais e Direitos da Liberdade a.a) Declaração da Virginia –USA -1776 a.b) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – França -1789 b) Direito 2ª Geração – Direitos Sociais e da Igualdade b.a) Constituição Mexicana – 1917 b.b) Constituição Russa - 1919 c) Direito 3ª Geração – Direitos dos Povos e da Solidariedade c.a) Declaração Universal dos Direitos Humanos –ONU 1948 c.b) Declaração Universal dos direitos dos povos - 1976 d) Direito 4ª Geração d.a) Direitos a uma vida saudável, com o meio ambiente d.b) Direitos e responsabilidades sócio-ambiental III FASE Objetivo: Propiciar aos estudantes informações e discussões sobre a temática que contemplem a transversalidade conceitual no seu cotidiano levando-o a refletir sobre sua prática no cotidiano. 1. Equidade de Gênero 2. Conceitos de gênero 3. O papel da mulher na antiguidade 4. O papel da mulher na Idade Média 5. A mulher na modernidade 6. O movimento feminista 7. Relação de respeito entre os gêneros 8. Violência contra a mulher VI FASE Objetivo: Analisar com os estudantes a importância da Educação Fiscal como prática de cidadania. 1.Objetivos fundamentais do Estado 2.Conceito e elementos constitutivos 3.Elemento humano 4.Elemento físico 5.Elemento político – jurídico 6.Estatuto da Criança e do Adolescente ECA 7.Poderes do Estado 8.Atividade política 9.Atividade administrativa 10.Atividade financeira 11.Relação estado-cidadão - Material encontrado no livro: Educação Fiscal como pratica de cidadania - GEFE

TRABANHANDO COM DIREITOS HUMANOS VII

Objetivo: Analisar os conflitos sociais e seus resultados para a sociedade atual confrontando o seu cotidiano e as temáticas envolvidas. •A educação transformadora de realidade: conflito e resolução no cotidiano escolar; •A história e formação do Gremio estudantil; •A importância da comunidade externa e interna na gestão democrática da escola; •A Ética na gestão escolar; •Direitos Humanos e exclusão social na comunidade escolar; •Tolerância e solidariedade no cotidiano escolar; •A arte de viver o conflito: semeando a paz; Objetivo: Estimular os estudantes a conhecer a sexualidade humana, como prática cotidiana e questões que envolvam o direito humano a saúde. •Mitos e Realidades •Risco ou vulnerabilidade •Homossexualidade na escola •A sexualidade na vida das pessoas com deficiência •Gravidez na adolescência •A sexualidade em tempo de AIDS •Discriminação X solidariedade Objetivo: Aprofundar o conhecimento em relação aos direitos e garantias fundamentais de acordo com a constituição de 1988. •Dos princípios fundamentais •Dos direitos e garantias fundamentais I - Dos Direitos e Deveres individuais e Coletivos •Dos direitos e garantias fundamentais II – Dos Direitos Sociais Dos direitos e garantias fundamentais III - Dos Direitos Políticos Objetivo: Desenvolver estratégias para o conhecimento da legislação em vigor, desenvolvendo as relações solidárias e cooperação com respeito aos direitos humanos como prática da cidadania. •Discriminação de Gênero- Lei Nº. 9.029 de 13 de abril de 1995 •Discriminação por Deficiência – Lei Nº. 7.853 de 24 de outubro de 1989 •Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – Decreto Legislativo Nº186 de 2008 •Política Nacional para integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Decreto Nº. 3.298 de 20 de dezembro de 1999. •Abuso de Autoridade – Lei Nº.4.898 de dezembro de 1965 •Trabalho escravo – Lei Nº. 9.777 de dezembro de 1998 •Tortura – Lei Nº. 9.455 de 7 de abril de 1997

TRABALHANDO COM DIREITOS HUMANOS VIII

Objetivo: Promover o conhecimento e entendimento das novas ferramentas relacionadas aos Direitos Humanos. •O que são Direitos Humanos; •Os Direitos Humanos e as Leis correlatas; •Declaração Universal dos Direitos Humanos; •Art. 5º Constituição Federal; •Conscientização e divulgação da cidadania: construindo cidadãos para o mundo; •A mídia X (des)respeitos aos Direitos Humanos. Objetivo: Contribuir para o enfrentamento dos diversos tipos de violência presente na sociedade através do diálogo e das estratégias de negociação interpessoal e grupal. •A violência como ameaça à sociedade; •Ações do governo no combate à violência; •O papel do cidadão no combate a violência; •Cidadania, conflito e violência urbana; •Tipos de violências: a)Intrafamiliar: ECA, Estatuto do idoso; b)Doméstica; c)Extrafamiliar; d)Institucional: Código Penal Brasileiro; e)Interpessoal; f)Urbana. •Cultura da paz: procedimentos necessários para a não violência; •Órgãos de apoio ao combate à violência; •Violação dos direitos das pessoas com deficiências. Objetivo: Construir a afirmação da igualdade de gênero, no espaço escolar de maneira a favorecer a transformação da realidade na construção de uma sociedade mais humana. •Conceito de gênero; •As relações de gênero; •Discriminação de gênero - Lei 9.029/95; •Homofobia; •Lei Maria da Penha; •A mídia e a diversidade sexual; •Sexualidade na adolescência; •Relações afetivas. Objetivo: Combater todas as formas de discriminação e racismo presentes nos diferentes âmbitos da comunidade escolar e sociais. •Discriminação por cor – Lei Nº. 7.716 de 5 de janeiro de 1989 •Diferença entre preconceito, racismo e discriminação; •Legislação contra o racismo; •A exclusão socioeconômica da população Afro-Brasileira e Indígena; •A luta pelo fim das diferenças raciais no cotidiano; •Pluralidade religiosa.

ATIVIDADE I

DIREITOS HUMANOS AQUI E AGORA Comemoração da Declaração Universal dos Direitos Humanos Uma contribuição para a Década das Nações Unidas para a Educação dos Direitos Humano, 1995-2004 ATIVIDADE 1 SERES HUMANOS/DIREITOS HUMANOS INTRODUÇÃO Através do “brainstorm” e da discussão, esta atividade leva os participantes a definir o que significa ser humano e a relacionar os direitos humanos com as necessidades humanas. Tempo: 1 hora ou 3 actividades separadas de 20 minutos Materiais: quadro negro ou cartolina, giz ou marcadores Opcional: Cópias da I Parte, Resumo da História dos Direitos Humanos Grupo-alvo: Pré-primária a grupos de adultos Ligações: Adapta-se à Atividade 10, Janelas e Espelhos Introduz a mais técnica Atividade 5, Um Novo Planeta. Ver IV Parte, Entrar em Ação pelos Direitos Humanos, para ideias para ações. PROCEDIMENTOS PARTE A: O que significa ser humano? (20 minutos) 1. Escreva as palavras “HUMANO” e “DIREITOS” no topo de uma cartolina ou quadro negro. Abaixo da palavra “humano” desenhe um círculo ou o contorno de um ser humano. Peça aos participantes para pensarem em qualidades que definem um ser humano e escreverem as palavras ou símbolos dentro do contorno ou círculo. Por exemplo, “inteligência”, “simpatia”. 2. A seguir, pergunte aos participantes o que acham que é necessário para proteger, intensificar e desenvolver na íntegra estas qualidades de um ser humano. Anote as suas respostas fora do contorno ou círculo e peça aos participantes que as expliquem. Por exemplo, “educação”, “amizade”, “família carinhosa”. (Nota: Guarde esta lista para a utilizar na Parte B) 3. Discuta: • O que significa ser completamente humano? Em que é diferente de simplesmente “estar vivo” ou “sobreviver”? • Com base nesta lista, do que necessitam as pessoas para viver com dignidade? • Serão todos os seres humanos essencialmente iguais? Qual é o valor das diferenças humanas? • Poderá ser-nos retirada alguma das nossas qualidades humanas “essenciais”? Por exemplo, apenas os seres humanos conseguem comunicar através de uma linguagem complexa; continuamos a ser humanos se perdermos o poder da fala? • O que acontece quando uma pessoa ou governo tentam privar alguém de algo que é necessário à dignidade humana? • O que aconteceria se tivéssemos de abdicar de uma dessas necessidades humanas? 4. Explique que tudo o que está dentro do círculo está relacionado com a dignidade humana, a totalidade de se ser humano. Tudo o que está escrito à volta do contorno representa o que é necessário à dignidade humana. Os direitos humanos baseiam-se nestas necessidades. Leia estas frases da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e explique que este documento estabelece os padrões de como os seres humanos se devem comportar uns com os outros, de forma a que a dignidade humana de todos seja respeitada: ...o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, ... Preâmbulo Declaração Universal dos Direitos HumanosTodos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade de direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir, uns para com os outros, em espírito de fraternidade. Artigo 1.º Declaração Universal dos Direitos Humanos Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade de direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir, uns para com os outros, em espírito de fraternidade. PARTE B: O que e um direito? (20 minutos) 1. Inicie um “brainstorm” sobre os vários significados que “direito” pode ter (por ex., “correcto”, “contrário de esquerdo”, “justo”). Tenha em mente expressões comuns como “Estamos dentro dos nossos direitos” ou “Não tens o direito de dizer isso”. Escreva esses diferentes significados no quadro. Qual é o significado de “direito” quando falamos de um direito humano? 2. Em pequenos grupos ou em conjunto, façam um “brainstorm” sobre uma definição de direitos humanos e escreva essas possibilidades no quadro. Tente desenvolver uma definição com que todos concordem e escreva-a numa cartolina à parte. 3. Escreva no quadro esta definição de direitos humanos: Os direitos humanos pertencem a todas as pessoas sem distinção do seu sexo, raça, cor, língua, nacionalidade, idade, classe social, religião ou ideais políticos. Os direitos humanos são universais, inalienáveis, indivisíveis e interdependentes. • O que se quer dizer com universalidade? Com inalienável? Com indivisível? Com interdependente? Peça aos participantes para procurarem estes termos num dicionário ou em Um glossário de direitos humanos, V Parte, “Apêndices” e explicarem o seu significado ao grupo. 4. Olhe para a lista de qualidades que definem um ser humano elaborada na Parte A. 5. Escreva “SOBREVIVÊNCIA/SUBSISTÊNCIA”, “DIGNIDADE HUMANA” e “CONVENIÊNCIAS E LUXOS” noutra cartolina ou quadro. Discuta o significado destes termos. Pegue na cartolina elaborada na Parte A. Coloque cada ponto registado como necessário para desenvolver por completo as qualidades humanas por baixo de um destes títulos. Por exemplo, será a educação necessária para a sobrevivência? Para a dignidade humana? Será a educação uma conveniência ou um luxo? 6. Discuta: • Deveriam os direitos humanos estar apenas ligados ao que um ser humano necessita para sobreviver? Porquê ou porque não? • Deveriam os direitos humanos proteger também aquelas coisas que classificaram como “conveniências ou luxos”? Porquê ou porque não? • Existem pessoas no mundo que apenas têm o necessário para sobreviver, enquanto outras têm luxos e conveniências. Será esta situação justa? Será uma violação dos direitos humanos? • Será que se pode fazer alguma coisa para nivelar a fruição da dignidade humana? Deveria ser feita alguma coisa? Se sim, como? E por quem? PARTE C: O que é um direito universal? (20 minutos) 1. Leia os comentários de Eleanor Roosevelt, Presidente da Comissão das Nações Unidas que elaborou a DUDH, acerca da importância dos padrões de direitos humanos universais: Onde começam, afinal, os direitos universais? Em pequenos locais, perto de casa – tão perto e tão pequenos que não podem ser vistos em quaisquer mapas do mundo. No entanto, são o mundo da pessoa individual, do bairro onde vive, da escola ou universidade que frequenta, da fábrica, quinta ou escritório onde trabalha. Estes são os locais onde todos os homens, mulheres ou crianças procuram igualdade de justiça, oportunidade, dignidade sem discriminação. Se estes direitos não tiverem significado lá, terão pouco significado noutro sítio qualquer. Sem a acção do cidadão consciente, que os suporte perto de casa, será em vão que buscaremos o progresso neste vasto mundo. Eleanor Roosevelt A Grande Questão, 1958 2. Discuta esta passagem: • O que pensam que Eleanor Roosevelt quer dizer com “direitos universais”? • Algumas pessoas consideram que os valores ou padrões de comportamento universais são impossíveis. O que acham? • Porque acham que as Nações Unidas escolheram a palavra universal em vez de internacional, quando deram o nome à DUDH? • Parafraseiem a última frase da citação. O que diz acerca da responsabilidade individual pelos direitos humanos? O que acham que Eleanor Roosevelt quer dizer com “acção do cidadão consciente que...suporte” os direitos perto de casa? IR MAIS ALÉM 1. Apresente a DUDH explicando que este documento foi feito com a intenção de oferecer a todas as pessoas, em todas as situações, a igualdade de justiça, oportunidade e dignidade de que Eleanor Roosevelt falou. Depois faça um pequeno resumo da história da DUDH. Consulte a I Parte, Resumo da História dos Direitos Humanos para informação de fundo ou use-a como texto de leitura. 2. Apresente os conceitos de direitos morais, legais e naturais. Consulte a V Parte, Um Glossário de Direitos Humanos. Serão os direitos humanos necessariamente direitos legais? 3. Coloque a questão “O que significa estar vivo?” • Quando começa a vida? Quando acaba a vida? • Deveria o direito à vida ser alguma vez retirado pelo Estado? • Será o direito à vida um direito humano? • Quando começam e acabam os direitos humanos? 4. Discuta a relação entre dignidade humana, direitos humanos e o conceito de “tratamento humano”. ADAPTAÇÃO Para crianças mais novas 1. Peça às crianças que se sentem em círculo e pensem numa qualidade acerca de si próprias, que considerem uma boa qualidade. Utilizando um ponteiro ou simplesmente falando à vez, peça a cada uma delas para descrever resumidamente essa qualidade. • Mencione que todas as pessoas têm boas qualidades. • Se as crianças encontrarem dificuldades em encontrar qualidades em si próprias, pergunte “Quais são algumas das qualidades que admiramos nas pessoas?” e faça uma lista das respostas no quadro. Peça a cada uma das crianças que escolha a que se lhe aplica. 2. Coloque algumas destas questões: • Vocês respeitam nas outras pessoas a qualidade que gostam em vocês próprios? • Vocês respeitam nas outras pessoas as boas qualidades que vocês não têm? • Será que todos os seres humanos merecem respeito? Porquê? • Como é que vocês mostram respeito pelas outras pessoas? 3. Pergunte às crianças se conseguem lembrar-se de alguma altura em que se tenham sentido magoadas por alguém não as ter respeitado. • Alguém disse alguma coisa que vos insultou ou magoou? • Porque é que as pessoas, por vezes, dizem coisas más umas às outras? • O que é a dignidade? A vossa dignidade fica magoada quando não vos respeitam? Como é que vocês se sentem? 4. Pergunte ao grupo em que é que os seres humanos são diferentes dos outros seres vivos. Saliente que os seres humanos comunicam com palavras, não apenas sons e decidem muitas coisas nas suas vidas. • Utilize o contorno ou círculo da Parte A. 5. Pergunte “O que significa se dissermos que todos os seres humanos merecem respeito, porque todos eles têm dignidade humana? 6. Explique que depois de uma guerra terrível, a Segunda Guerra Mundial, todos os países do mundo concordaram, em 1948, em elaborar um documento que afirmava que o mundo seria mais pacífico se toda a gente respeitasse a dignidade de cada ser humano. Estas palavras estão contidas na Declaração Universal dos Direitos Humanos. • Leia as citações apresentadas na Parte A, Passo 4. 7. Peça às crianças para pensarem num exemplo de como a vida na sua comunidade seria mais pacífica se as pessoas mostrassem mais respeito umas pelas outras. 8. Peça às crianças para, em pares ou sozinhas, ilustrarem uma forma como poderiam mostrar respeito por alguém. Partilhe estas ideias com o resto da turma. Título original: Human Rights Here and Now - Copyright  1998, EUA Publicação da Human Rights Educators’Network da Amnistia Internacional - Secção dos EUA, Human Rights USA e Stanley Foundation - Edição Portuguesa - AI - Secção Portuguesa Publicada com autorização Edição Portuguesa - AI - Secção Portuguesa

domingo, 6 de dezembro de 2009

XUKURU DO ORORUBÁ: OS VELHOS NÃO MORREM, SE ENCANTAM...

(publicado in Jornal Porantim. Brasília, CIMI/DF, nº. 279,outubro 2005, p.7). No povo Xukuru do Ororubá (Pesqueira/PE) desde muito tempo, antes do escritor Guimarães Rosa ter descoberto, os Xukuru acreditam: dois importantes idosos para a história desse povo partiram para o “reino dos Encantados”. Um deles “Seu” Herculano, respeitado pela sua sabedoria, acompanhante do Cacique “Xicão”, moradores da Aldeia Pedra D’Água, desde o início participou das mobilizações contemporâneas que garantiram a demarcação das terras desse povo. A outra importante referência “Seu” Cícero Pereira, foi o pai do Cacique Xicão, assassinado a mando de fazendeiros invasores do território indígena, e avô do atual Cacique Marcos. Possuidor de uma memória prodigiosa, “Seu” Cícero em várias conversas lembrava com muitos detalhes do passado Xukuru, dos tempos difíceis com as perseguições dos fazendeiros. Nascido na Aldeia Cana Brava, ou “Cana Braba”, como ainda hoje chamam os/as mais idosos/as e de onde provém a linhagem do cacicado Xukuru do Ororubá, “Seu Ciço” como era conhecido, filho de uma família numerosa, recordava que desde a infância, assim como muitas crianças da sua época, tinha que trabalhar duro na roça, no pequeno pedaço de terra que possuía, quando não nas terras das fazendas que ocupavam o território Xukuru. “Seu Ciço” falava também das “juntadas”, reunião daqueles moradores que possuíam pequenos lotes, para trabalharem em mutirões de ajuda mútua. Lembrava que quando garoto desceu tantas vezes a Serra do Ororubá em um cavalo com os caçoás carregados de verduras, milho e produtos da roça que vendia na estação do trem em Pesqueira. Mas, como a vida não era só trabalho, recordava também e tão bem com alegria das novenas, das festas animadas ao som das zabumbas, onde além da diversão garantida, se acertava os noivados, futuros casamentos. Ele teve um papel fundamental nas mobilizações contemporâneas dos Xukuru do Ororubá. Quando os Xukuru se organizam em meados de 1980, elegendo o Cacique Xicão, reconhecida e expressiva liderança desse povo com projeção ao nível do país, “Seu Ciço” foi eleito Vice-Cacique. Sua atuação sempre foi discreta, mas garantiu o apoio necessário, muitas vezes também material, para a atuação de Xicão e a organização indígena Xukuru. Por isso ele sempre foi visto como uma importante referência na luta desse povo. Muito abalado e magoado desde o assassinato do Cacique Xicão, doente ele se viu forçado a deixar a aldeia e vir morar na cidade. Mas em sua casa a todos/as recebia com satisfação e sempre disposto a uma longa conversa sobre o passado, a memória Xukuru e por isso era uma grande referência. Vibrava com as conquistas do presente do seu povo e colocava muita esperança no futuro, falando com orgulho da liderança exercida pelo atual jovem Cacique Marcos, seu neto. As partidas de “Seu” Herculano e de “Seu” Cícero nos questionam sobre o que pensamos a respeito das pessoas mais velhas. Como são vistos os/as mais velhos/as nas aldeias? Qual o lugar dos/as idosos/as entre os povos indígenas? Em um mundo onde o/a velho/a, principalmente os/as pobres, em oposição ao novo, ao moderno são descartados, desprezados, vivem na imensa maioria em péssimas condições, a vida, a história, a experiência, o testemunho e a sabedoria de “Seu” Herculano, de “Seu” Cícero, de tantos idosos/as, além de nos questionar, nos lembra que somos sombras do passado e do qual esboçamos o futuro. Talvez por isso os Xukuru do Ororubá afirmem que não enterram, mas “plantam” seus mortos, para que deles “nasçam novos guerreiros”. E “Seu” Herculano e “Seu” Cícero foram plantados ali, no meio da mata sagrada da Aldeia Pedra D’Água, ao lado de onde também “está plantado” o Cacique Xicão, Xico Quelé e outros Xukuru. Eles se encantaram, ”Vou para aldeia encantada”, assim diz um toré Xukuru. Edson Silva (CAp-CE/UFPE) Recife, 11/09/05

domingo, 22 de novembro de 2009

DIREITOS HUMANOS: lutas e conquistas da humanidade

Em pleno século XXI ainda existem pessoas que pensam que Direitos Humanos são para quem cometeu uma infração, para muitos vem como uma moda que irá passar, e logo todos irão esquecer. Acreditamos que a Educação em Direitos Humanos, tem como objetivo principal a (re)construção de valores junto à sociedade, que precisa mudar, suas ações e concepções a respeito dos direitos violados, todos de forma geral precisam mudar a maneira de olhar os direitos humanos, dos quais temos os mesmos violados e somos violadores. O Cilindro de Ciro é um dos primeiro documento sobre direitos humanos o mais antigo, foi emitido por Ciro o Grande Imperador depois de sua conquista da Babilônia, isso aconteceu por volta de 539 a.C. O Pacto dos Virtuosos surge por volta de 590 d.C finalizado por tribos árabes, é considerado umas das primeiras alianças de direitos humanos. O primeiro documento global sobre a igualdade e a dignidade de todos, durante a história, de conflitos, sob a forma de guerras ou revoltas populares, freqüentemente começaram em reação a tratamentos desumanos e de injustiças ocorridas na época, então surge a Declaração de Direitos Inglesa, no ano de 1689, escrita após as Guerras Civis Inglesas, daí nasce a vontade popular pela democracia e um século depois a Revolução Francesa produz a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e sua proclamação da igualdade para todos. Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial surge à criação das Nações Unidas, é quando a comunidade internacional jura nunca mais permitir atrocidades como as cometidas no conflito. E os líderes mundiais decidem complementar a Carta da ONU com um guia para garantir os direitos de todas as pessoas, em todos os lugares, sempre. Então mais tarde o documento criado passa a ser conhecido como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) que em dezembro de 1948, em Paris(França), foi adotada e proclamada pela resolução nº. 217 A(III) da Assembléia Geral das Nações Unidas com a abstenção de voto de oito nações, mas com nenhum discordando. É formado um grupo com representações de diversos países, composto por 18 membros e de diversas formações políticas, culturais e religiosas. Esse grupo foi presidido por Eleanor Roosevelt, com ela estava o René Cassin da França, que foi o responsável pelo primeiro esboço da Declaração, o Relator do Comitê, Chalés Marik, do Líbano, o Vice-Presidente, Peng Chung Chang da China, e John Humphrey do Canadá, Diretor da Divisão de Direitos Humanos da ONU, que preparou o projeto da Declaração, Eleanor Roosevelt é considerada a força motriz da adoção da DUDH. Ou seja, esse é o documento considerado o marco inicial do Direito Internacional dos Direitos Humanos, portanto é o documento que tem por objetivo proteger os direitos de todos os indivíduos do mundo que deixa clara a explicitação da internacionalidade política dos seus mentores de que ela se torne verdadeiramente universal, e alcance uma abrangência da espécie humana na mais diversa dimensão de sua existência. .

Educação em Direitos Humanos e a Escola

Acreditamos que Educação em Direitos Humanos tem com objetivo principal a construção de valores, junto à comunidade escolar, começando pelos gestores, técnicos de regionais, gestores das unidades escolares, educadores de apoio, técnicos educacionais, secretárias, professores e alunos, que precisam mudar seus valores, suas ações e suas concepções a respeito dos Direitos Humanos, exercendo sua cidadania, todos de forma geral precisamos mudar a maneira de olhar os direitos humanos, dos quais temos os mesmos violados e somos violadores. É sob este olhar que acreditamos na escola, e citamos o que José Tuvilla Rayo (p.136, 137) nos fala que: “A associação mundial pela escola instrumento de paz é um movimento associativo laico que persegue a Educação pela paz e os direitos humanos através dos princípios universais de educação cívica. Esses princípios são: •A escola está a serviço da humanidade; •A escola ensina o caminho da compreensão mútua; •Na escola aprende-se o respeito à vida e aos seres humanos; •A escola ensina tolerância: atitude que permite aceitar, nos demais sentimentos, maneiras de pensar e de agir diferentes das nossas; • A escola desenvolve nos alunos senso de responsabilidade, um dos grandes privilégios dos seres humanos; • A escola ensina a vencer seu egoísmo, e lhe fazer compreender que a humanidade não pode progredir sem os esforços pessoais e ativa colaboração de todos. Suely Dantas - Técnica Especialista em Direitos Humanos