AULAS
PRÁTICAS SOBRE DIVERSIDADE E RESPEITO
Transexual, a professora Marina
Reidel coloca sua história pessoal a favor do ensino de ética em uma escola de
Porto Alegre.
Até 2006, ela era o professor Mario. Primeiro
lecionou em sua cidade natal, a pequena Montenegro, a 55 quilômetros da capital
gaúcha. Era gay, mas não assumia publicamente. "Alguns pais desconfiavam e
não gostavam", lamenta.
A situação começou a mudar
em 2003, quando se transferiu para Porto Alegre. "Gradualmente, deixei o
cabelo crescer, coloquei brincos e passei a pintar as unhas", relembra.
Até que, em 2006, avisou a direção da escola que se ausentaria por cerca de um
mês para se tornar transexual. Ainda não conseguiu bancar a operação de mudança
de sexo, mas fez cirurgias plásticas, colocou próteses e retornou às aulas como
uma mulher. Os alunos foram preparados pela diretoria para que entendessem a
mudança. "Fui bem recebida e em pouco tempo eu já era Marina para todos",
diz. Até hoje, nenhum pai reclamou, mas, caso aconteça, a escola deixa a
legislação sobre discriminação a postos.
A história dela perpassa toda a aula, marcada pelo diálogo aberto. Quando um dos grupos escolhe a palavra gênero, por exemplo, discutem se ele é definido no nascimento da pessoa ou por suas escolhas. Os alunos dizem que alguém nasce de um gênero, mas pode desejar ser de outro. A professora confirma que o sexo é biológico, e o gênero, não, está ligado à identidade. É comum os estudantes fazerem muitas perguntas sobre sexualidade para Marina e ela sempre responde. "É mais fácil falar essas coisas para ela", admite Valentine Rodrigues, 15 anos. Temas como doenças sexualmente transmissíveis e gravidez vão sendo introduzidos pela docente e debatidos abertamente pelos adolescentes.
A história dela perpassa toda a aula, marcada pelo diálogo aberto. Quando um dos grupos escolhe a palavra gênero, por exemplo, discutem se ele é definido no nascimento da pessoa ou por suas escolhas. Os alunos dizem que alguém nasce de um gênero, mas pode desejar ser de outro. A professora confirma que o sexo é biológico, e o gênero, não, está ligado à identidade. É comum os estudantes fazerem muitas perguntas sobre sexualidade para Marina e ela sempre responde. "É mais fácil falar essas coisas para ela", admite Valentine Rodrigues, 15 anos. Temas como doenças sexualmente transmissíveis e gravidez vão sendo introduzidos pela docente e debatidos abertamente pelos adolescentes.
Marina também dá aulas de Arte e faz mestrado.
Pesquisa as professoras transexuais. Estimadas em 40 no país, elas se reúnem
neste mês em Belo Horizonte para seu primeiro encontro nacional. "Muitos
não se assumem", lamenta. "Para mim, foi uma vitória. Fui aceita pela
escola e pela família."
A aula do 9º ano é prova disso. O grupo de
Valentine escolheu a palavra igualdade e definiu: "É quando a gente trata
todas as pessoas como iguais". A turma concordou. Claro, Marina já ensinou
bem o conceito, e na prática.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/aulas-praticas-diversidade-respeito-687656.shtml
Data:
19.08.2012; hora: 23h 15min.
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